Os portugueses têm motivos suficientes para celebrarem, com imensa alegria e um orgulho legítimo, o 25 de Abril como uma das datas de maior significado da nossa história. O 25 de Abril não só representa, para nós, a liberdade e a paz, como permitiu a libertação dos povos sujeitos ao domínio colonial português.
Disse Almeida Santos que “Comemorar Abril é reviver a alegria do reencontro de Portugal com a Liberdade!” e indo um pouco mais longe, poderíamos mesmo afirmar que se tratou do reencontro de Portugal consigo mesmo.
Por todo o país, o povo, que é soberano, abraça esta festa nacional, e a melhor homenagem que poderemos prestar ao 25 de Abril é a constante retomada do seu espírito. É renová-lo no nosso quotidiano e não deixar esquecer aquilo que se combateu e se derrubou.
Comemorar Abril tem que ser para cada um de nós, continuar Abril, para que seja sempre possível aos portugueses renovarem a esperança em si próprios e no futuro deste nosso país.
Com o 25 de Abril recuperamos o pensamento livre, a palavra leve e solta, dissemos não aos poderes do Estado centralizados num só homem, não às colónias incendiadas pela guerra, não às famílias desfeitas pelo terror da insegurança e do desconhecido. Naquele dia reatamos os laços de irmandade que nos ligaram aos povos que honram e falam a língua portuguesa.
Quem nasceu em liberdade não se imaginará a viver de outra forma mas quem a conquistou por certo jamais a ela renunciará.
Os portugueses tornaram-se diferentes naquele Abril de 74, mesmo que por aí, ainda possam entoar ecos de alguns que insistem em permanecer iguais.
A esperança chegou naquele dia e com ela chegou também o reencontro de Portugal com o pluralismo democrático que a nossa Constituição consagra.
E Abril é também defender e saudar a Constituição que temos.
Não há constituições perfeitas, nem eternas, mas quando elas expressam a vontade livre de um povo, devemos salvaguardar nelas o que corresponde a tudo aquilo que nesse povo não muda.
Por mais que alguns possam desejar ou profetizar, nós não somos, nunca fomos e jamais seremos um país de carneirinhos.
Somos donos da nossa voz, das nossas ideias, defendemos ideais e lutamos por aquilo em que acreditamos: justiça, paz e solidariedade.
Naquele dia Portugal reencontrou-se também com a justiça social e com o respeito pelos direitos mais fundamentais do Homem e do cidadão e os portugueses sabem que sem democracia não existem direitos, não há liberdade sem pluralismo, nem solidariedade sem tolerância.
É nosso dever continuarmos a batalhar hoje e sempre por uma melhor democracia para Portugal, porque a liberdade não tem preço e é uma aventura que vale a pena viver!
Eu sou Abril e certamente que também vós aqui presentes o são, pois Portugal é uma causa livre e Abril faz-se de todos nós. Todos os dias, a todas as horas.
E celebremos o quadragésimo quinto aniversário do 25 de Abril com a vontade política e cívica de passar o testemunho às gerações mais novas e até mesmo àquelas que chegarão muito depois de partirem para a memória eterna os que viveram e fizeram Abril de 74.
A todos estes, personificados nos “capitães de Abril” mas que foram também militares desconhecidos, agradeço e homenageio hoje aqui com estes versos de Hélder da Câmara:
Quando assistires
à retirada dos andaimes,
contempla... é claro...
o edifício que surge,
Mas pede pelos andaimes,
pois é duro servir de suporte
à construção,
ser necessário à obra,
e na hora da festa
ser retirado como entulho.
Os portugueses devem estar orgulhosos da liberdade de que dispõem e daquilo que ela lhes permite, mas têm que ter consciência de que ela acarreta também uma maior responsabilidade. Hoje cada vez mais chegam até nós notícias de atropelos à vida humana, nomeadamente no que respeita à violência doméstica.
Lamentavelmente há ainda muito a fazer para que tenhamos uma sociedade erradicada da ignorância, da intolerância e do desprezo de alguns pelo direito máximo à Vida.
Acredito que as novas políticas de descentralização serão assim essenciais para permitir uma dinâmica equilibrada de desenvolvimento que levarão a iniciativas que operarão a mudança que a sociedade civil necessita e reclama.
O 25 de Abril abriu-nos as portas ao futuro e permitiu-nos a todos a responsabilidade e o orgulho de ser português. Está nas nossas mãos tudo quanto precisamos para evoluir, para moldarmos o destino. O nosso destino.
Que saibamos juntos viver a liberdade, a inovação, os desafios e os riscos das nossas escolhas.
Finalizo esta intervenção com as célebres palavras de Ary dos Santos:
Enquanto nos mantivermos
todos juntos lado a lado
somos a glória de sermos
Portugal ressuscitado.
Agora o povo unido
nunca mais será vencido
nunca mais será vencido.
Viva a Liberdade.
Viva Avintes.
Viva Portugal.
25 de Abril Sempre.
*discurso que apresentei em representação do Grupo Parlamentar do PS na Assembleia de Freguesia de Avintes
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