sábado, 7 de novembro de 2020

* É MUITO MAIS QUE UMA COR - PARTE 2 *


 

Há quatro anos atrás escrevi-vos o quanto uma cor significa muito mais que isso.

Hoje volto a escrever-vos com o mesmo sentimento, com a mesma certeza de que nos compete a nós Pais mostrar aos nossos Filhos as suas capacidades de voar, de resistir, de persistir e de seguir em frente as vezes que forem necessárias.

Hoje ambos os meus fizeram exame de karaté. Hoje ambos entraram no dojo com o coração pequenino, apertadinho, cheio de medo e de receio do futuro. 

Primeiro ele. Receoso do desconhecido e de uma avaliação que talvez ainda a sua imaturidade não lhe permita assimilar por inteiro. No caminho a pergunta: "E se eu não passar?", a resposta, sempre foi e sempre será a mesma: "Tenho muito orgulho em ti. Se não passares vais aprender onde tens que evoluir e melhorar. Também falhei muitas vezes e segui em frente. Estarei sempre aqui."

Depois ela. Sozinha com os Mestres. O dojo deve ter-lhe parecido um novo planeta! Inspirava e expirava superando a ansiedade que a assombrava. Enquanto aguardávamos a decisão, questionou: "E se eu não passar?" (onde é que eu já ouvi esta pergunta!!!)... "Tentaste Filha e isso é tudo o que eu te peço. Sabes que a única coisa que me faz ficar triste contigo é o facto de não fazeres alguma coisa com medo de falhar. Eu também falhei muitas vezes. Se falhares vais aprender onde melhorar. Tenho imenso orgulho em ti em qualquer um dos resultados. Não desististe e isso é o que importa. Estarei sempre contigo."

Ambos conseguiram superar estas etapas. Ele é amarelo. Ela é azul

E eu sou a Mãe mais chorona deste Mundo. Sofro por eles e com eles, nas alegrias e nas tristezas e aprendo tanto com as suas conquistas. Continuo convicta que o karaté foi a melhor exigência que poderia ter feito para eles em toda as suas Vidas. Quando eu já cá não andar, sei que as lições que aqui aprendem perdurarão para sempre nas suas mentes. Sei que tem feito deles melhores pessoas e também crianças mais felizes. Enfrentam a frustração e ganham em resiliência e motivação. 

Por tudo isto é que É MUITO MAIS QUE UMA COR.

*Benedita, 10 anos, cinturão azul. *Santiago, 7 anos, cinturão amarelo. 

*Daniela, 40 anos, chorona inveterada

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

* ESCREVE-ME *

Eu sei que parece impossível mas daqui a alguns dias, neste meu outubro, chegarei aos 40.
Há já muitos anos que espero a chegada desta idade, talvez tanto como esperei os 18 ou os 33. 
A verdade é que eu adoro fazer anos. 
Envelhecer é algo que me fascina, pela maturidade(!), pela experiência, pela Vida que se acumula em mim e que eu tanto amo viver. Sim, vivo tão intensamente que passo grande parte do tempo a reclamar e a sofrer (desnecessariamente), mas pronto, sou assim, vou tentando mudar (e o muito que já mudei), mas o mais importante é que vivo tudo, mesmo tudo, ao máximo.
Então, 40 anos a chegar e o que gostavas que te oferecessem?
Ah e tal, adorava que me escrevessem. Sim. 


Escreve-me mesmo. Adorava receber palavras tuas. 
Se fiz ou faço parte da tua Vida, escreve-me. Conta-me uma história que passamos juntos e nunca esqueceste. Conta-me como te magoei daquela vez em 1992! Diz-me o que mais te impressionou em mim enquanto fui tua aluna ou tua colega de escola. Qualquer coisa, mas escreve-me.
Mas eu não sei o que te escrever! Então, escreve-me apenas "parabéns".
Vá lá escreve-me. Preferencialmente uma carta, em papel (que eu tanto adoro), mas também tenho um email (especialmente criado para esse efeito).

Já dizia Florbela Espanca:
Escreve-me!
Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto d'açucenas!
Escreve-me! (...)

Podes presentear-me para este email: aos40daniela@gmail.com ou vai ainda mais longe e envia-me (ou entrega em mão) uma carta de papel.

Eu fico à espera, assim como espero os 40.

domingo, 6 de setembro de 2020

* JÁ SÃO 7 FILHO! *


2020 pode ter muitos defeitos mas trouxe até ti o teu 7° aniversário e eu sou-lhe grata por isso.
Sabes Filho, a Vida não é tão clara e transparente como esta água mas eu desejo que saibas sempre ver, no teu coração e na tua cabeça, as impurezas que necessites afastar do teu Caminho.
7 anos!
Não quero que o tempo pare. A Vida é para viver e andar em frente. Quero apenas que o tempo me permita ver-te (ver-vos) crescer mais um pouco.
Parabéns meu Filho. O Mundo é todo teu. Vai.

* * * * * * * 


                              Legenda: Quando o coração transborda.




 

quinta-feira, 30 de julho de 2020

* O COVID CHEGOU SEM SER CONVIDADO *

Num ano tão peculiar como este 20 20, creio que ninguém sonhava algo tão "maquiavélico" como o Covid-19.
E, num instante, num de repente, tivemos que "fechar" um País, fechar casas, fechar sorrisos atrás de máscaras, encerrar abraços em toques de cotovelos e viver uma realidade que só nos filmes podemos encontrar!
No entanto apesar desde "encerramento" para o Mundo desde março, a Vida continuou e continua. Infelizmente muitas foram as Vidas perdidas neste tempo que não permitiu os abraços de conforto que estas situações nos pedem e exigem.
Mas também se celebraram aniversários e muitos nascimentos.
A Vida deve ser celebrada diariamente e junto dos nossos. A Vida tem que ser vivida, sem fingimento, com alegria, com intensidade, com projetos e com sonhos.
Vivi estes meses "refugiada" dentro de casa para acompanhar os meus Filhos no percurso escolar que teve necessariamente que continuar dentro de portas.
Vivi momentos intensos de alegria, mas outros tantos de medo por poder falhar nesta aventura e nesta missão que me foi confiada.
Chorei e ri muito. Gritei, berrei e até rasguei folhas. Milagrosamente a borracha do meu Filho ainda conseguiu sobreviver para chegar às férias.... e se há utensílio que precisava de férias era a borracha do meu Santiago.
No final, colhemos os bons frutos do trabalho desenvolvido. Ambos me deixaram orgulhosa do caminho que traçaram e percorreram. Caminhos distintos (e para mim muitas vezes é difícil olhá-los de modo individual), mas cada um à sua maneira colheu os bons frutos das sementes que plantaram e regaram.
Pese embora eu não tenha sido sujeita a uma avaliação formal parece-me justo numa auto-avaliação singela classificar-me ao mesmo nível que aqueles dois e considerar que completei de forma muito satisfatória todo o meu percurso nestes três meses. Sobre as etapas do meu percurso académico não me posso avaliar deste modo porque as coloquei de parte em prol dos meus Filhos. (E digam o que disserem, resmungue eu o que resmungar, aqueles dois miúdos SEMPRE estarão na frente de qualquer projeto meu - entendam isto na perspectiva de necessidade urgente, claro está).
Esperei 2020 com os sonhos de quem chegará (assim espero) aos quarenta neste ano e por isso com muitos projetos por concretizar, desafios para concluir e etapas para terminar. Provavelmente não me será possível colocar um ☑ à frente de cada um deles mas se há pessoa que sempre consegue remodelar as suas listas, é esta aqui.
Já ultrapassamos metade deste ano, já superamos várias provas que nos foram chegando e com toda a certeza cá estaremos para superar todas as que precisem ser superadas.
O Covid chegou sem ser convidado e, embora eu não acredite na redenção da Humanidade, acredito que ele permitiu que todos aqueles que estivessem dispostos a isso, se reinventassem, se transformassem e alcançassem os feitos que mais lhes agradaria. Eu, por exemplo, entre outros, consegui atingir a meta dos 10 kms em corrida.
Que 2020 possa, entretanto, encontrar Paz e tranquilidade para prosseguir um pouco mais leve e consciente daquilo que é verdadeiramente importante para cada um de nós.




terça-feira, 3 de março de 2020

* UMA VEZ *


Já muitas vezes te disse o quanto te sonhei e na loucura dos dias que passam, na loucura que me provocas, continuo a sonhar-te a "menina que tudo pode".
A Eduarda não me conhece, ou melhor, conhece-me apenas como a D. Daniela (que isto de se ser quase quarentona já tem algum peso), Mãe da Benedita.
A Eduarda não me conhece mas escreveu para ti a personagem que transmite o que sempre te disse e ainda digo: "Podes ser tudo o que quiseres. Aqui (no coração) e aqui (na cabeça)."


Que a Vida, o destino, os escritos, acredita no que quiseres, sempre te transmitirão os ensinamentos da tua Mãe. Sempre levarão até ti o tanto que te quero dizer, ensinar, partilhar. Mesmo quando eu já cá não estiver.
Num dia especial como é o 29 de fevereiro, eu vi magia acontecer naquele palco. Vi quinze crianças levantar uma plateia, cheia, com o coração a transbordar pela beleza do que nos ofereceram.


Conto-te um segredo, tremi do início até ao fim, mas valeu bem a pena. Sempre vale.


Voa filha, voa tudo o que desejares e quiseres. O meu ninho será sempre o teu ninho sejas patinho feio ou o cisne mais belo.


Peça "Uma Vez", inspirada nos contos populares infantis, com encenação e texto original de Eduarda Alves e produção dos Plebeus Avintenses.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

* AVINTES *


NOTA PRÉVIA: por imposição legal à data do meu nascimento foi-me atribuída a naturalidade em Mafamude uma vez que nasci no Hospital de Gaia, no entanto, sou Avintense e sempre serei porque o lugar onde se nasce é apenas uma circunstância da Vida.

Desde o ano passado que tenho tido o privilégio de neste dia vos saudar em representação do Partido Socialista e em conjunto celebrarmos a nossa cultura e a nossa identidade.
Hoje comemoramos mais uma sessão solene do Dia de Avintes. Revive-se o passado, vive-se o presente e sonha-se o futuro.
Creio poder também afirmar que celebramos igualmente o imenso orgulho avintense que nos é sobejamente reconhecido.
E os Avintenses têm inúmeras razões para sentir orgulho da e na sua história, das suas gentes, das conquistas e das lutas diárias desde os tempos da sua criação para afirmarem as suas convicções e os seus intentos.
Não podemos esquecer a determinação relatada em escritos históricos das várias vereações que corajosamente lutaram para que esta freguesia se tornasse a sede de um grande concelho. Pese embora isso não tenha acontecido, Avintes não se calou e protestou junto da Rainha o seu total desagrado com a anexação que sofreu em 1836 ao concelho de Gaia. Ainda hoje Avintes não se deixa calar sempre que tem que ser escutado.
Avintes, nasceu aldeia na margem esquerda do rio Douro, com características tão próprias e tão suas que por vezes somos levados a repetir o que já foi dito e louvado tantas vezes.
Mas nunca será demais honrar as nossas origens. Este sentir avintense tão bem plasmado nos relatos históricos de onde se absorve este amor à terra e a dedicação que lhe advoga quem por ela trabalha, escreve, representa e muito bem a dignifica.
Assim e como um bom hábito que se foi ganhando na nossa freguesia, hoje é também um dia de reconhecimento, homenageia-se através do Diploma de Artesão de Mérito, uma nova atividade, mas muito antiga na sua existência e tradição e que se trata dos Merceeiros.
Avintes continua e continuará a agraciar publicamente quem tanto contribuiu para o bem-estar da comunidade.
Muitos foram aqueles que para além de fazerem desta uma atividade económica e fonte do seu trabalho, ajudaram várias famílias nas suas necessidades básicas do dia-a-dia, anotando no livro os bens mais essenciais para a subsistência de quem os procurava e recebendo “a conta gotas” o que forneciam.
Nas mercearias avintenses, por norma pequenas lojas com um aspeto tradicional que vendiam e as que ainda subsistem vendem produtos de grande consumo, sobretudo de cariz alimentar mas também produtos de higiene, bebidas e objetos de uso doméstico, sempre encontramos um sorriso para nos receber.
Quem de nós, outrora crianças, nunca a elas recorreu, às escondidas dos pais, para comprar rebuçados?
Eu “não atiro a primeira pedra” pois dessa “falta” sempre serei culpada e que boas recordações tenho daqueles “flocos de neve”!
E é nestas singelas mas sentidas homenagens que Avintes enaltece as suas gentes, demonstra o seu brio e não deixa esquecer todos aqueles que nos permitiram alcançar o que hoje temos e que nos permitem sonhar o que amanhã conquistaremos. Obrigada também a todos vós.
Realçar o Dia de Avintes permitirá aos jovens conhecer melhor o nosso passado e aos mais velhos reviver e partilhar as suas memórias e vivências até porque acredito que a identidade de um povo se renova sempre que é celebrada.
Este será sempre um dia importante, quer pelo seu simbolismo e pela identidade muito própria que nos é reconhecida histórica e culturalmente, quer pelas perspectivas que se criam para os novos desafios que o crescimento e o desenvolvimento nos trarão para o futuro.
Os tempos mudam. A nossa sociedade tem sofrido constantes mudanças culturais, políticas, sociais e económicas. O presente é necessariamente diferente do passado e o futuro sê-lo-á muito mais e por isso é necessário que aqueles que hoje fazem política exijam de si próprios maior rigor e ética, assumindo compromissos com dignidade e de forma honesta pois é para isso que a população delega nos eleitos o poder de trabalharem na procura das melhores soluções e escolhas para todos.
As populações reconhecem-se nos feitos das autarquias mais do que em qualquer outra instância política pelo que é nossa obrigação apresentar propostas concretas e conscientes, desenvolvendo as nossas ações nessa conformidade.
É principalmente nas juntas de freguesias que os cidadãos idealizam a satisfação das suas necessidades e por esse motivo temos a obrigação de continuar a escutar os fregueses.  
Uma sociedade constrói-se com o contributo de todos e todos ganhamos quando damos um pouco de nós para algo que é superior a nós.
Avintes precisa de todos. Tanto daqueles que aqui nasceram como também daqueles que decidiram adotar esta terra como sua e aqui alicerçarem os seus lares ou incrementarem os seus negócios.
Termino desejando que possamos sempre cumprir as metas de desenvolvimento estabelecidas, com coesão e justiça social e que a nossa terra continue a permitir a cada um de nós e àqueles que hão-de vir, a oportunidade de construir o seu projeto de vida, dando resposta, entre outros, aos desafios da demografia bem como à solidão dos idosos.
Um bem-haja a todos e muito obrigada pela vossa atenção.


Discurso proferido a 21 de fevereiro de 2020 na Sessão Solene do Dia de Avintes.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

* NOS TEUS OLHOS *


Nos teus olhos moram uma parte dos meus sonhos de Mãe. 
Neles guardo a esperança de ver sempre refletida a alegria de me olhares e de sorrires para o Mundo.
"É a Vida!dizes-nos vezes sem conta com uma sabedoria que nos faz rir. O fedelho "charmoso e bonito" como tantas vezes te defines pensa que do alto dos seus seis anos nos vem dar lições de moral. E vem!
Nestes olhos, nos teus olhos, eu vejo o/um Mundo melhor.
Que eu saiba sempre respeitar o teu tempo dentro do reboliço da minha Vida, das tempestades do meu dia a dia, porque o Sol com que me iluminas é dos poucos que é capaz de me fazer parar e respirar fundo.
Perdoa Filho as falhas desta Mãe. Que as Mães não sabem tudo mas tudo fazem com Amor. 
A tua, sempre tua, Mãe.