terça-feira, 11 de agosto de 2015

* O MEU IRMÃO CASOU * (queria ter-te dito)

"E foram felizes para sempre."

Esta era uma das muitas frases que tinha imaginado dizer-te (dizer-vos) no meu discurso.
Não fosse alguém ter-se esquecido do momento dos discursos e eu teria dito algumas das coisas que imaginei dizer-te naquele dia.
Queria ainda ter-te dito que não me lembro se alguma vez me disseste "Gosto de ti"! Creio sinceramente que não. Mas depois de muito pensar tentando encontrar na minha memória descobri que o fizeste quando me convidaste para tua madrinha de casamento. 
Às vezes dizemos "Gosto de ti" com outras palavras. Naquele convite disseste-me (mesmo que o não tenhas pensado, ou pensaste) "Gosto muito de ti".
Queria ter-te dito que podes sempre contar comigo, como quando, perdido de bêbado (de felicidade e vinho do Porto), me ligaste durante o teu cortejo de finalista e eu larguei tudo para correr até ti. Ou como quando chorei no teu primeiro cortejo, ou como quando te dei permissão para passares sentidos proibidos para chegarmos a tempo da tua imposição de insígnias como finalista.
Queria ter-te dito tanta coisa!
Se calhar até foi bom que alguém se esquecesse dos discursos.
Pediste-me que não fizesse um discurso lamechas. Fiz o possível!
Mais breve quase seria impossível, mas o essencial foi dito. Não foi?
Sabes uma coisa?
O momento mais difícil para mim foi quando colocaste o capacete e arrancaste na nossa frente em direcção à Serra. O meu coração ficou apertadinho, os meus olhos encheram-se de lágrimas (que não deixei sair, não queria "borrar a pintura") e respirei fundo. Aquele era o teu momento, mas era também o momento em que "o meu menino" conduzia para se tornar num "Homem de família".
Agradeço à Mãe o facto de ter permitido que fosse eu a levar-te até ao altar.
Caminhamos de mãos dadas até ao lugar que te estava destinado. Temi que pudesse chorar, mas apertei a tua mão e seguimos em frente, porque esse é sempre o caminho.
Imaginei o meu discurso centenas de vezes, acreditas? Já me conheces, sabes que sim. Em todas elas acabava sempre a chorar.
Mas aquele não era um dia para chorar (a menos que fosse de alegria). Aquele foi dia de ser feliz.
Queria ter-te dito que aquele dia fará parte dos dias mais felizes da minha Vida. Vi-te feliz rodeado de amigos e família. Vi-te feliz a dançar com a tua mulher. Vi-te feliz! Senti-te feliz!
Queria ter-te dito que agora esperarei calmamente (ou não) pelo dia em que farás de mim tia (esse será outro dos meus dias mais felizes).
Queria ter tirado mais fotografias contigo mas o cansaço causado pelos acontecimentos dos dias anteriores não me permitiram muito mais que aquilo que fiz, que dancei, que vibrei, que sorri e que vivi.
Queria ter-te dito tanta coisa que espero ter dito TUDO naquele quase nada discurso.
Queria ter-te dito... e disse não disse?