Doze anos passaram desde aquele que foi o meu discurso mais esperado até hoje.
A 2 de Maio de 2004 tive a minha imposição como finalista.
Desejei tanto aquele dia.
Mais um sonho que se cumpria na imensidão da minha lista de sonhos.
Quanto ao discurso apenas duas certezas: a quem iria agradecer e como queria terminar.
Sempre que tenho que discursar, imagino (vezes sem fim) as possibilidades do que poderei dizer.
Normalmente, emocionada com o que quero transmitir, choro copiosamente nos "meus ensaios" porque o coração absorve todo o meu sentimento.
Sei que nunca faço o discurso que imaginei, mas sei que digo sempre o que deve ser dito.
Nas noites anteriores àquele dia, na minha cama, discursava surdamente perante a minha almofada encharcada pelas lágrimas.
Adormecia sempre assim, com um rosto inchado e um coração tranquilo.
Eu sabia o que tinha que ser dito.
Era Dia da Mãe, como em todas as imposições anteriores.
Sempre achei que era a melhor prenda que lhe podia dar. A cada ano uma vitória, não minha, mas nossa.
Chamaram o meu nome e no lugar dos tremores de frio e nervosismo que até ali sentia, um calor tomou conta de mim. A voz não me falharia. Não ali.
A Dra. Rute foi a Madrinha escolhida para aquele momento. O meu momento.
Depois as palavras perante uma multidão que me pareceu desaparecer.
Aquele era o Meu momento.
Com palavras de Amor agradeci aos meus Pais a nossa caminhada, o percurso que comigo fizeram para que ali chegasse.
No final as palavras foram para aquele que comigo trilhava um percurso maior. Um outro sonho.
Ao Ângelo pela paciência, pelo Amor e pelo carinho: "Queres casar comigo?"
E fugi. Não esperei pela resposta. Chorei ali.
A multidão reapareceu e exigiu uma resposta. "Aceitas?"
Os homens não choram, mas ele chorou e teve coragem para aceitar.
Casamos dois anos depois.
Casamos dois anos depois.
Passam doze anos desde aquele dia em que aceitaste amar-me e a coragem continua.